Época de Natal sempre tem a brincadeira do “amigo-secreto”, mas esse amigo secreto era entre amigos virtuais, e a troca de presentes era diferente. A ideia era presentear nosso amigo com nossa criatividade, e isso seria por meio de uma fanfic ou uma fanart.
Eu gosto muito de desenhar, mas acabei querendo me arriscar em uma fanfic.
E aí escrevi esta, como um presente para minha amiga Carol Kisaki, ou melhor Yuki-chan.
A “Dívida”
— Estou atrasadaaaa!! Yuki repetia para si mesma enquanto se dirigia para o ponto do ônibus cheia de livros nas mãos.
Era época dos vestibulares e ela estava se dedicando totalmente às aulas do cursinho. Em sua mente só se ouvia as palavras: “estudar, estudar, estudar”. Passar em uma boa universidade exigia muito estudo; seus pais, familiares, todos, esperavam muito dela, além disso, ela mesma “esperava” muito de si.
Nesse dia ela havia se atrasado e andava o mais rápido que conseguia, enquanto de modo bem atrapalhado tentava equilibrar os livros nas mãos. Chegando ao ponto do ônibus ela não consegue mais equilibrar todos os livros, que acabam caindo e ainda, em cima de um rapaz que estava sentado no banco do ponto. Ele jogava um Nintendo 3DS, um vídeo-game portátil, que acaba caindo no chão junto com alguns dos livros da garota.
— Me desculpe, me desculpe… — Ela repete enquanto tenta toda atrapalhada apanhar o “3DS” e ao mesmo tempo os livros.
Ele a observa em toda sua “falta de jeito” e apanha ele mesmo o DS do chão.
Ela o olha e pede mais uma vez desculpa.
O rapaz olha para o aparelho e então olha para ela e enquanto ela ainda se desculpava, diz:
— Você me fez perder a partida…
— Ah… Me desculpe! — Mais uma vez o pedido de desculpas.
— Eu estava quase “zerando” jogo! — Ele parecia meio enraivecido? Fala sério! Era só um jogo!
E ele continua:
— Desculpas? Não… Você me deve uma agora.
— Como assim “te devo uma”? Eu já te pedi desculpa, não há nada que eu possa fazer quanto a você ter perdido, foi um acidente…
— Você me deve sim! — Ele reafirma enfático — Então terá que me pagar. Já que você é uma trapalhona CDF.
Pagar?! CDF trapalhona?!
Yuki pensava confusa nas palavras dele e lhe diz:
— Eu não tenho dinheiro, sou apenas uma estudante…
— Não precisa ser em dinheiro, você pode me pagar com “favores”.
Favores?! Ela vai ficando mais confusa e atordoada… Favores?! E chega a uma única conclusão sobre esses tais “favores”:
— Ahhh! Seu tarado! Eu … eu… vou chamar a polícia! — Ela gagueja e olha para os lados, não havia ninguém no ponto nem nos arredores…
— Não é nada disso sua tonta! Até parece que eu pediria esse tipo de “favor” a… Você. — E a olha de cima a baixo.
Yuki fica super envergonhada e insultada com o olhar dele.
— Eu sou músico e ganho dinheiro tocando minha música no parque e você vai me ajudar!
Então ele era músico. E toca no parque. E quer que ela o ajude.
Que ela o ajude?!! O.o
Como? Eu não sei nada de música… — Yuki devaneava em seus pensamentos, tentando formular alguma resposta para ele, mas ele foi mais rápido que seus devaneios. Apanhou alguns dos livros dela e começou a caminhar em direção ao parque puxando-a pelo pulso.
— Ei, ei, espere… para onde você está me levando? — Ela conseguiu dizer enquanto puxava seu braço da mão dele tentando se desvencilhar.
— Me solte…. Ai! — Ela geme sentindo o pulso um pouco dolorido.
Ao ouvir o gemido dela ele a solta imediatamente, temendo que a tivesse machucado, mas o ato repentino acaba fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse no chão.
Ele olha para ela no chão por alguns segundos e diante da cena, acaba dando um “sorriso meio risada”.
Irritada e considerando o rapaz um grande mal educado, ela começa a tentar se levantar, mas ele rapidamente vai ao seu auxílio.
— Você é mesmo muito atrapalhada! — Ele diz enquanto a ajuda a se levantar.
Agora é que ela estava irritada:
— Você… Você… — Ela tentava falar — Eu te odeio! Olha o que você me fez! Estou muito mais atrasada agora, tenho que entregar estes livros na biblioteca, e ainda tenho muito o que estudar, tanto que nem me sobra tempo para nada e ainda me aparece um louco que piora todo o meu dia. — Ela tenta insultá-lo, mas acaba fazendo um desabafo.
Ele assiste calado a “explosão” dela e então diz:
— Aham… tá bom… Mas você ainda me deve! — E desta vez ele pega a mão dela e continua em direção ao parque.
Ela o segue meio surpresa e meio chocada. Ele havia mesmo ignorado todas as palavras que ela havia dito? E que sensação boa era aquela de sentir o calor da mão dele na sua?
Antes de chegarem ao parque ele passa em uma loja de instrumentos musicais e sai de lá com um violão.
— Então vamos trabalhar?! Hoje perdi muitas horas de trabalho, já que meu violão estava no conserto. Você pode atrair algumas pessoas e ir recolhendo o dinheiro que elas oferecerem.
— Ahn? — Só agora ela havia acordado do “transe” que as novas sensações que sentia a deixaram. — Eu? Atrair pessoas? Recolher dinheiro?
— É isso aí! Eu vou começar a tocar, pegue esse chapéu e me dê uma ajuda. – E ele coloca um chapéu que carregava consigo nas mãos dela.
A essa altura já estava decidido que iria ajudá-lo e “pagar sua dívida”, mas ela estava completamente perdida ao tentar executar aquele favor para ele.
Ele tocava, e tocava muito bem, enquanto ela ficava envergonhada de se aproximar das pessoas e pedir o dinheiro, andava a pequenos passos e de cabeça baixa, demorando um tempo demasiadamente grande para se aproximar de um casal que ouvia a música…
E ele percebe isso…
Essa garota é realmente tímida e considerando o que disse antes, deve viver só para os estudos.
— Ei, você, venha cá, me dê esse chapéu e sente-se aqui comigo.
Ela se senta ao lado dele, que se vira para ela e diz:
— Parece que você não conseguirá me ajudar na tarefa de recolher o dinheiro…
— É eu acho que não…
Uma pausa, ela olha para os lados pensa e depois diz a ele:
— Bom então eu vou embora! Ela se prepara para se levantar.
— Calma! — Ele segura o pulso dela fazendo-a sentar-se novamente. — Nós não nos apresentamos: meu Nome é Kazunari Ninomiya, como você já sabe, sou músico. E além da música amo jogos de vídeo-game! Você atingiu meu ponto fraco ao me fazer perder aquela partida decisiva!
— É eu pude perceber isso, já que você praticamente me obrigou a vir aqui “pagar minha dívida”…
— Sim você me deve uma! Mas também senti que você precisava descansar, relaxar, fazer algo diferente, algo divertido; então tentei unir o “útil ao agradável”.
— Acho que sua ideia não deu muito certo, mas valeu a intenção…
Então ele pensara nela, não estava só cobrando uma dívida louca.
— Podemos começar de novo! Eu já me apresentei, agora é a sua vez.
— Meu nome é Yuki Kisaki, eu sou estudante e … — Ela não sabia mais o que falar.
— Estudante! Isso eu percebi na hora! — Ele dá um sorriso e aponta para os livros que estavam empilhados sobre a grama perto de onde estavam sentados.
Que sorriso era aquele? — Ela pensou — Mas porque estou pensando isso?! E ainda de um estranho?! E porque sinto como se o conhecesse há tempos.
— Você me parece uma garota esforçada e isso é admirável, mas precisa “dar um tempo”… Um tempo para si mesma, para curtir… Sei que eu devo te parecer completamente louco, mas esse conselho você deveria seguir. — E novamente ele sorri.
Yuki sentia-se…estranha…várias sensações se misturavam dentro dela e tudo ficou ainda mais confuso quando ele começou a tocar e cantar.
Como ele cantava e tocava bem!
Ela estava encantada com a música e… bem…com o cantor…
Com o cantor?!
É, Yuki sentia coisas que nunca havia sentido antes, estava curtindo ouvi-lo e nem se lembrava mais dos estudos.
A música chegou ao fim, mas ela ainda estava perdida nas novas sensações que sentia.
— Gostou da música? — Ele a tirou do “transe”.
— Ah! Sim, sim! Você toca e canta muito bem! Deveria cantar profissionalmente!
— Ahn… não, acho que não… Acho que isso será difícil…
— Por quê? Você já tentou e não conseguiu?
— Bem…Sim… O mundo da música é muito concorrido, e parece que não sou tão bom assim…
Como assim ele não era tão bom? E que olhar desanimado era aquele que ela via nele? Não parecia a mesma pessoa de antes.
— Bom você ainda não pagou sua dívida comigo! — Ele rapidamente mudou de assunto. — Então já que você não leva jeito para o “mundo artístico”, vai pagar o meu almoço!
Eles então almoçaram e conversaram mais.
— O almoço estava bom, mas agora para quitar de vez sua dívida vamos dar um passeio!
— Dar um passeio? Mas e o seu trabalho?
— Não, hoje preciso me divertir!
Eles foram então a um parque de diversões, onde experimentaram voltar a ser crianças e curtir sem se preocupar e pensar em problemas.
Yuki não pensava mais nos livros que deveria ter entregado na biblioteca, nem no vestibular. Foi um dia muito agradável.
— Bom, já esta tarde, é hora de nos despedirmos. – Ele disse.
— Mas nós nos veremos novamente não é? – Ela falou abrupta e só depois pensou no quanto poderia soar “atirada” para ele, mas e daí? Era o que ela sentia.
— Eu sempre estou aqui pelo parque, quando precisar conversar ou pagar meu almoço, pode me encontrar aqui. – Ele disse dando uma risadinha da frase que ela havia falado.
— Bom é… então, a gente se vê…
— É, a gente se vê e tente não tropeçar muito por aí e jogar livros nas pessoas! – Ele não podia perder a oportunidade de fazer uma brincadeira, e ele percebeu que era divertido estar com ela.
— Ei!! Eu não “joguei livros em você”, foi um acidente! Ela falou meio brava.
Ele coloca seu violão nas costas e diz:
— Até mais Yuki-chan. E lhe dá uma piscadela.
Nos dias que se passaram Yuki conseguiu estudar melhor, depois do “dia de folga” com o Kazunari. Realmente ele tinha razão, só ficar estudando o tempo todo não dá, é preciso “refrescar” a mente um pouco. E ela fez isso mais vezes. Saía para conversar com os amigos, ia ao cinema, ou assistia uma boa série na TV.
E continuava pensando no estranho que tocava e cantava no parque, algumas vezes passou por lá e ficou observando-o de longe. De uma maneira meio louca, ele a ajudou muito, com o conselho que lhe deu e com o ótimo dia que tiveram juntos. Dia que não sai de sua mente.
Ela achava que ainda tinha uma dívida com ele, mas ela ainda não tinha encontrado uma forma de lhe retribuir o “favor”.
Mas em um dia, vendo a apresentação de um grupo de cantores na TV, surge a ideia do modo como ela poderia pagar esta dívida. Ela então se dirige ao parque para procurá-lo.
Encontrou-o lá, tocando e cantando para algumas pessoas, ela se aproxima e deposita algum dinheiro no chapéu que estava no chão ao lado dele.
— Olá Kazunari-san, lembra-se de mim?
— Yuki-chan! Você sumiu, continua estudando como louca sua CDF?! — E deu uma risadinha.
— Não sou CDF! — Ela fez cara de brava – Mas não se preocupe, ando dividindo meu tempo entre estudos e lazer corretamente!
— Depois diz que não é CDF, até falar como uma CDF você fala, e tem “pose” de garota CDF!
— Ahhhh! Chega de me chamar e CDF! Chega de falar sobre mim, vim aqui para falar de você… Tome, pegue isso! — Ela lhe estende um papel.
— O que é isso?
— É um formulário para inscrição na Johnny’s Entertainment.
— Você acha que eles irão querer a mim?! Você está sonhando demais Yuki-chan.
— Eu acho que você deveria tentar… Você já tentou?
— Bem… não…mas conheço pessoas que já tentaram e…
— Não me diga mais nada! Responda este formulário e vá fazer o teste. As outras pessoas, são as outras pessoas… Você é você! Tem que ir lá e tentar, mesmo que não dê certo, você tem que continuar tentando, é a música a sua vida não é?
— Nossa! Quase não te reconheci tão decidida sim! Tudo bem, você me convenceu, mas terá que me pagar outro almoço se eu falhar.
— Você não vai falhar! Eu acredito nisso! – Ela sorri.
Que saudade desse sorriso meigo. – Ele pensa
Ele lhe retribui o sorriso e diz:
— Ainda assim terá que me pagar um almoço! — E ele lhe dá uma piscadela.
FIM?
Ps: A fanfic deveria envolver a banda pop japonesa Arashi e escrita de acordo com os gostos do amigo secreto que tirássemos, a Yuki gosta muito do Kazunari Ninomiya, um dos cantores da banda, curte um romance e também queria ser a mocinha da história! Então a personagem feminina é “livremente baseada” nela e o Kazunari também.